Governo chinês tenta estimular aceitação a alimentos transgênicos

Cerca de 95% do milho que a China importa é de variedades geneticamente modificadas dos EUA (Foto: Shutterstock)

Encurralado entre o aumento de pressões para aumentar os recursos alimentícios e o ceticismo popular sobre o uso de alimentos geneticamente modificados, o governo da China está intensificando uma campanha de relações públicas que poderia pavimentar o caminho para a plena aprovação da produção comercial de transgênicos. 

Nos últimos meses, o Ministério da Agricultura e outros órgãos estaduais têm lançado uma série de comunicados e eventos de divulgação ressaltando a segurança de alimentos geneticamente modificados. 

Na região central da cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, ativistas pró-OGM na Universidade Agrícola de Huazhong promoveram um evento de fim de semana oferecendo bolo e mingau feitos de "arroz dourado", variedade geneticamente modificada desenvolvida pela universidade para produzir mais betacaroteno, destacou hoje a agência oficial de notícias Xinhua. "Testes de sabor" similares foram realizados em mais de 20 cidades desde maio, confome a Xinhua. 

Também nesta segunda-feira (4/11), o Ministério da Agricultura divulgou um comunicado elogiando a pesquisa do cientista Huang Sanwen, da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, que mapeou o código genético de uma variedade de pepino. A pesquisa foi publicada na revista Nature Genetics, um periódico global influente para pesquisa genética de alto nível. Dias antes, o ministério havia colocado uma extensa série de perguntas e respostas em seu site, com o objetivo de refutar uma série de argumentos anti-OGM publicados recentemente na mídia chinesa. 

Citando acadêmicos renomados, o ministério afirmou que não ocorreram, até o momento, quaisquer problemas de risco à saúde irrefutavelmente ligados a alimentos geneticamente modificados. Alimentos produzidos a partir de transgênicos estão sujeitos a uma "avaliação de segurança pré-mercado rigorosa", destacou o órgão. Além disso, o governo assinalou que os transgênicos têm rendimentos maiores do que as culturas convencionais. 

Esse último ponto é sem dúvida de importância crescente para a China. A nação mais populosa do mundo está enfrentando, pela primeira vez em 10 anos, a possibilidade de diminuição da produção de arroz. Embora a colheita total chinesa de grãos este ano deverá manter-se robusta, importações de grãos importantes, como milho, têm disparado desde 2010. Cerca de 95% do milho que a China importa é de variedades geneticamente modificadas dos EUA. "Usar recursos nacionais e estrangeiros, e de coordenação entre dois mercados, é uma escolha inevitável para a China", disse o ministério. 

A ofensiva de relações públicas pode ser um sinal de que o governo está se preparando para abrir as portas para a produção comercial nacional de transgênicos, sugeriu um jornal local em um artigo. "O próximo passo será o de aumentar a propaganda científica para a nossa indústria de biotecnologia OGM, a fim de criar um ambiente de opinião pública favorável e acelerar alterações regulamentares sobre transgênicos", disse reportagem do Beijing News, citando um funcionário do Ministério da Agricultura, que pediu anonimato. O órgão não respondeu a um pedido de comentário. 

A China permite atualmente a produção comercial de tomatesalgodãomamão e pimentão transgênicos. Também autoriza a importação de milhosoja, canola e algodão geneticamente modificados para uso na alimentação animal e outros fins que não sejam consumo humano. Em novembro de 2009, o Ministério da Agricultura concedeu certificados de biossegurança, que permitem pesquisas de campo em território doméstico, de duas variedades de arroz e uma variedade de milho transgênicos resistentes a pragas.

Fonte

Revista Globo Rural

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