Caninha, branquinha, goró, danada, pinga. A bebida que já ganhou vários apelidos desde a sua criação agora é reconhecida como cachaça pelo mercado americano e vem ganhando cada vez mais status de produto gourmet tipicamente brasileiro. O estado de Minas Gerais já não está mais sozinho quando o assunto é cachaça de qualidade. Na verdade, o Rio de Janeiro foi o primeiro estado a alcançar uma Indicação Geográfica de Procedência (IGP), que certifica a origem e características típicas dos produtos de sete alambiques. A iniciativa tem apoio do Sebrae.

"Esse segmento é composto por 39,2 mil pequenos negócios, que representam 99% do total de produtores no país. O apoio do Sebraepara esses empreendimentos foca na qualificação e gestão, visando ao aumento da competitividade. De olho no potencial de comercialização e divulgação que será gerado pela Copa do Mundo da FIFA de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o Sebrae tem incentivado a busca pela certificação como meio de melhorar a imagem do produto no Brasil e no exterior", afirma o presidente da instituição, Luiz Barretto. 

Com uma produção prevista para 20 mil litros em 2013, o empresário Lúcio Gama Freire é um dos beneficiados com a IGP de Paraty. Ele é proprietário da Cachaça Pedra Branca que, entre uma dose e outra, vem conquistando o paladar de fluminenses, cariocas e paulistas. A empresa conta com seis funcionários fixos, outros seis colaboradores temporários e faturamento mensal de R$ 30 mil. "O Sebrae tem um trabalho voltado para o mercado da cachaça desde 1997. Procurar a instituição foi um caminho natural para mim", diz. Lúcio passou por várias capacitações da instituição, como o Empretec, formação de preços de vendas, gestão financeira, técnicas e atendimento de vendas, entre outros.

Para o também produtor de Paraty, Eduardo Mello, a certificação abre portas para novos mercados. "Depois que fomos certificados com a Indicação Geográfica de Procedência, tivemos uma maior visibilidade e vários convites para dar palestras a outros produtores. A cada ano, a certificação agrega mais valor ao produto", afirma o produtor Eduardo Mello, que também é presidente da Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça Artesanal de Paraty (Apacap). Ele próprio já prospecta clientes nos Estados Unidos, na União Europeia e na China, para comprarem parte de sua produção de 50 mil litros ao ano.

O Rio de Janeiro também participa do projeto de Certificação, que visa à obtenção de um selo de conformidade do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Essa iniciativa, realizada desde 2011 pelo Sebrae, envolve 15 empresas, sendo que três delas -Cachaça Werneck, Cachaça da Quinta e Cachaça Menina do Rio - já atingiram esse objetivo. A documentação do Inmetro reconhece formalmente que o produtor atende a exigências ligadas à saúde, segurança, meio ambiente e responsabilidade social.

Cachaça Werneck, de Rio das Flores (RJ), vende para a China há algum tempo e, depois que obteve a certificação do Inmetro, achou mais fácil negociar com estrangeiros. "Percebi que o selo foi o diferencial para fechar negócio com outros países. Não tenho dúvidas de que terá o mesmo efeito no mercado interno", opina o produtor que vende para Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

Prêmio de peso

A Cachaça da Quinta também já conseguiu o selo do Inmetro e alcançou a Gran Gold Medal no Concours Mondial de Bruxelles - Spirits Selection 2013, realizado em Taiwan, entre 7 e 9 de junho de 2013. O rótulo concorreu com outros 514 produtos, incluindo conhaques e uísques, e foi a primeira bebida a conquistar essa premiação máxima da competição.

Há cerca de dois anos, a proprietária Katia Espírito Santo, que também é presidente da Associação de Produtores de Cachaças do Estado do Rio de Janeiro (Apacerj - Cachaças do Rio), começou a vender parte de sua produção para hotéis luxuosos da Ásia. Em fevereiro de 2013, sua cachaça chegou a bares e restaurantes de alto nível em Nova York. Dos 50 mil litros previstos para 2013, 40% deve ir para Ásia e EUA. "Nosso foco é a qualidade. As certificações e prêmios simbolizam o esforço de todos os produtores", afirma. 

Localizada em Nova Friburgo, a Cachaça Fazenda Soledade tem produção de 400 mil litros por ano e 60% desse volume vai para a Alemanha. A empresa também exporta para os EUA e União Europeia (UE). "Com a certificação, devemos crescer 10% no exterior e de 10% a 15% no Brasil. O selo é um sinal de confiança para o consumidor e oferece mais oportunidade de abertura de mercado", afirma o produtor Vicente Bastos, que também tem o selo do Inmetro.

Sete das 15 marcas fluminenses, que fazem parte do projeto receberam medalhas em avaliação na 23ª Edição da Expocachaça Dose Dupla, realizada em São Paulo, de 3 a 8 de setembro. Outro projeto do Sebrae, o Comércio Brasil, também dá a oportunidade para que os produtores participem de feiras internacionais, o que gera a abertura de novos mercados.

FONTE

Agência Sebrae de Notícias

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