Muitas vezes, os produtores rurais precisam enfrentar o aparecimento de pragas e doenças no campo, com alto potencial de danos econômicos. Frente a essa situação, uma alternativa para minimizar as perdas é o vazio sanitário.

Agricultores de todo o Estado estão aderindo cada dia mais à prática, com o objetivo de reduzir a incidência de pragas nas lavouras e, consequentemente, o uso de agrotóxicos. Nos últimos cinco anos, das 3.955 propriedades fiscalizadas em Minas Gerais pelo Instituto Mineiro de Agropecuária(IMA), apenas 32 receberam infração por descumprimento da norma, o que comprova a eficácia do vazio sanitário, implantado desde 2007 no estado, e a crescente conscientização dos produtores.

Determinado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio de instruções normativas, o vazio sanitário especifica o período no qual cada cultura deve parar de ser produzida – o prazo pode ser entre 30 a 90 dias. Cada Estado tem normas específicas, definidas de acordo com o clima de cada região. Em Minas Gerais, o vazio sanitário é realizado com as lavouras de soja, feijão e algodão, e garante uma produção maior, além de menor impacto ambiental.

De acordo com o gerente de defesa sanitária vegetal do IMA, Nataniel Diniz, o cumprimento do vazio sanitário durante os períodos estabelecidos é importante para o próprio produtor. “Além de o agricultor amenizar a praga em suas plantações, ele ainda economiza nos gastos com agrotóxicos, garantindo um produto mais saudável e de qualidade”, enfatiza. Isso acontece porque essa janela de alguns meses sem a plantação faz com que as pragas enfraqueçam por não terem o hospedeiro (planta) no local.

Assim, elas morrem e o novo plantio é feito em uma condição melhor de solo, gerando uma plantação mais saudável e causando menos perda na colheita. Por isso, durante o período do vazio sanitário, as plantas remanescentes da última safra devem ser totalmente erradicadas. Ficam isentas da medida somente as áreas de pesquisa científica e de produção de sementes genéticas, quando autorizadas, controladas e monitoradas pelo IMA.

A prática fez com que a lavoura do produtor Luiz Antônio Miranda, da cidade de Unaí, aumentasse 70%. Plantando soja e feijão há 20 anos, ele afirma perceber que o sistema auxilia no combate às pragas em suas plantações. “O vazio sanitário foi a melhor coisa que inventaram para nós. O período ajuda a diminuir as pragas, pois não tem nenhuma lavoura próxima na qual elas possam se proliferar. E quando voltamos a plantar, a incidência dessas doenças fica mais fraca. Assim, colho grãos mais sadios e garanto meu lucro”, comemora.

Cadastro

Os produtores de soja, feijão e algodão no estado devem fazer o cadastro da área plantada a cada safra, no prazo de 30 dias após o plantio. Para isso, devem procurar o escritório do IMA mais próximo da região onde a propriedade está registrada e preencher a ficha de inscrição da unidade, que consta no site www.ima.mg.gov.br. Os agricultores precisam comunicar também a ocorrência das doenças na plantação e cumprir as orientações recomendadas durante as fiscalizações.

Autuação

Os produtores que não cumprirem as normas são autuados pelo IMA e têm prazo de dez dias para erradicar as plantas. O descumprimento da norma acarreta em multa, que pode chegar ao valor de 1.500 Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais (UFEMG). O valor é calculado com base na unidade de cada UFEMG, que atualmente equivale a cerca de R$ 3,00.

Vazio Sanitário da Soja

O vazio sanitário da soja consiste no período entre 1º de julho e 30 de setembro para evitar que o fungo causador da ferrugem da soja se multiplique durante o final da entressafra. Durante noventa dias os produtores não poderão manter plantas vivas de soja.

A Ferrugem da Soja também conhecida como Ferrugem Asiática é uma doença causada por fungos. Os primeiros sintomas se manifestam nas folhas com o aparecimento de minúsculos pontos escuros. Posteriormente ao aparecimento das lesões ocorre a desfolha da planta que impede a completa formação dos grãos com consequente redução de produtividade. O desenvolvimento da doença é extremamente rápido e ela se espalha com facilidade pelo vento e causa grandes prejuízos à produção.

Vazio Sanitário do Algodão

Na cultura do algodão o bicudo do algodoeiro é uma ameaça para a cotonicultura mineira. Considerado a principal praga da cultura, além de grande capacidade destrutiva possui habilidade para permanecer nessas lavouras durante a entressafra. Por esse motivo, fica estabelecida a data de 20 de setembro a 20 de novembro para o período do Vazio Sanitário do Algodão.

O Bicudo do Algodoeiro (Anthonomus grandis) é uma espécie de besouro que apresenta coloração cinza ou castanha e cara bastante alongada. O inseto possui grande capacidade de infestação. Seu ataque provoca queda dos botões florais impedindo a abertura das maçãs e consequentemente redução considerável da produção.

Vazio Sanitário do Feijão

O vazio sanitário do feijão é realizado de 20 de setembro a 20 de outubro e tem o objetivo de controlar a Mosca Branca e diminuir a quantidade de alimento para esse inseto, considerado uma das pragas mais prejudiciais para produtores de grãos.

A Mosca Branca é uma das pragas mais conhecidas no mundo e está presente em praticamente todas as regiões agrícolas, principalmente nas de clima tropical e subtropical. A praga causa enormes prejuízos, principalmente pela transmissão do vírus do Mosaico Dourado do Feijoeiro. O inseto pode ocorrer durante todo o desenvolvimento da cultura, mas tem preferência por plantas mais jovens e a população tende a diminuir com o crescimento do feijoeiro.

FONTE

Agência Minas

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